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Shopping de Salvador realiza desfile de moda afro e apresenta produção de mulheres de terreiros

“A gente está bem ansiosa. Estamos trabalhando para que tudo saia o melhor possível”, revela Rita Pinheiro, ao falar sobre o lançamento da coleção “A Deusa que habita em cada uma”, produzida pelo empreendimento de costura “Laços de Mãe”. Rita é integrante do Terreiro do Bogum, localizado no Engenho Velho da Federação, e participante do projeto IPA – a força empreendedora das mulheres, que fomentou a criação do empreendimento de moda afro-brasileira, baseado nos princípios da Economia Solidária.


O sentimento de ansiedade não é exclusividade de Rita. A proximidade do desfile da coleção produzida pelas mulheres do projeto, que acontecerá no dia 30 de setembro, no Salvador Shopping, revela a entrega, a expectativa e a autovalorização de cada nova empreendedora, que surgiu durante o desenvolvimento do IPA.  “Nosso trabalho é um meio de propagar nossa cultura e valorizar a mão de obra da comunidade. Quando a gente faz essas roupas, quando a gente pensou nessa coleção, foi para valorizar a nossa beleza negra, a nossa raça através dessas peças”, diz Rita.


De acordo com as empreendedoras, cada tópico da coleção, das cores ao caimento do tecido, foi pensado e elaborado com muita atenção e carinho. “A gente está realizando uma coleção primavera-verão, então são cores vivas, alegres, com estampas marcantes. Para a mulher negra ser linda, não precisa de muita coisa. A roupa consegue botar isso para fora. O colorido na pele negra fica lindo, e a nossa coleção traz essa alegria, muitas estampas e cores. Valorizar o cabelo, o tom da pele, isso tudo faz com que a gente se sinta bonita antes de qualquer pessoa precisar dizer”, enfatiza Rosângela Fonseca, participante do projeto e iniciante no candomblé.


Valorização cultural


“Eu achei a ideia da coleção ótima. A moda em diálogo com a valorização da cultura e da mulher negra […]. Nós fazemos questão de produzir a moda afro de verdade, porque eu vejo por aí a moda afro sendo vendida, seguindo tendências do que está sendo posto como ‘moda’, que está na televisão, mas que não é, necessariamente, da nossa cultura”, revela Angelina Santos, professora do empreendimento e integrante da COOPERCID – Cooperativa de costura Costurando Ideias (Calabar), cooperativa, também fomentada pela Avante.


A fala de Angelina expõe o crescimento e a valorização da moda afro, corroborando um dos objetivos do IPA, que é conscientizar as participantes sobre a importância da preservação dos valores e da cultura da comunidade em que estão inseridas. Como destaca Karine Oliveira, que ministrou aulas de gestão e viabilidade socioeconômica às empreendedoras, projetos como o IPA revelam um grande ganho por beneficiar um público específico como as mulheres de terreiro.  “A importância do IPA ter fomentado um empreendimento como o Laços de Mãe está em trazer para o público, com maestria, a junção de moda, religiosidade e cultura em cada peça produzida. Lembrando que lutar contra à apropriação cultural é comprar peças com quem conhece e tem respeito pela aquela cultura quando constrói qualquer peça”, enfatiza.


O projeto IPA é executado pela Avante – Educação e Mobilização Social, em parceira com a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE), por meio da Superintendência de Economia Solidária (SESOL).

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