Ser mulher tem sido um desafio ao longo dos anos na história da humanidade? Sim. As mulheres têm enfrentado situações de violência, preconceito e desigualdade de direitos, fruto de uma cultura marcada por valores estritamente masculinos? Sim. Mas isto mudou, a realidade não é outra? Sim. Mas até que ponto? A pesquisa Por Ser Menina no Brasil: Crescendo entre Direitos e Violências traz à tona um contexto de desigualdades de gênero que permanece vivo nos dias de hoje e que prejudica o pleno desenvolvimento das habilidades das meninas para a vida.
“A pesquisa faz parte da nossa campanha global e quer ser uma ferramenta para impulsar políticas públicas e iniciativas sociais que tenham em conta as questões que afetam as meninas”, diz Flavio Debique, gerente técnico de Proteção Infantil e Incidência Política da Plan International Brasil, em e-mail enviado á Avante – Educação e Mobilização Social divulgando o resumo executivo da pesquisa.
Por Ser Menina no Brasil ouviu crianças entre 6 a 14 anos das cinco regiões do país, nos estados do Pará, Maranhão, São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Capitais escolhidas pela representatividade em suas respectivas regiões, com potencial de indicar as tendências regionais. As entrevistas foram realizadas entre os meses de julho e setembro de 2013.
Na apresentação do resumo executivo a diretora nacional da Plan Brasil, Anette Trompeter, afirma o caráter inédito da pesquisa e que ela foi realizada para promover os direitos das meninas e “empoderá-las para que sejam os principais agentes transformadores das suas realidades”. Os dados foram levantados a partir do olhar de 1.771 garotas que contam gostar de ser meninas, que sonham com um futuro no qual “a educação, a saúde, o cumprimento dos direitos, a solidariedade e o respeito às diferenças possam ser realidades para todas as meninas e meninos”.
Mas elas também denunciam um contexto de gritantes desigualdades de gênero. Enquanto 76,8% lavam louça e 65,6% limpam a casa, apenas 12,5% dos seus irmãos homens lavam a louça e 11,4% limpam a casa. “Queremos trabalhar para não ouvirmos mais, como ouvimos nesta pesquisa, que 1 menina em cada 5 conhece uma outra menina que já sofreu violência. E que 13,7% das meninas de 6 a 14 anos trabalham ou já trabalharam”, diz a diretora da Plan Brasil no texto introdutório do resumo.
Foram ouvidas meninas quilombolas e fora da escola. 51,9% do total têm entre 11 e 14 anos e 47,6% entre 06 e 10 anos. A cor da pele foi considerada de acordo com critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – 39,1% das meninas têm cor da pele branca, 6,2% preta, 1,2% amarela, 53,2% parda (morena) e 0,3% indígena. O maior contingente de participantes foi de meninas que estudam em escolas da zona urbana (76,5%), enquanto a zona rural foi representada por 23,5%.
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