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Pesar: a violência não respeita a diversidade. Nem as infâncias.

É com uma dificuldade imensa de encontrar as palavras que a Avante – Educação e Mobilização Social se solidariza com as diversas infâncias, atuais e de gerações pregressas, do nosso país, já tão machucado por episódios de violências cada vez mais frequentes. Tristeza e indignação, e um frustrante sentimento de impotência diante da imensa dor dos familiares, educadores e toda comunidade escolar do CEI Cantinho Bom Pastor, de Blumenau (SC), é o que predomina nesse momento difícil. 

Do lugar de uma instituição que atua pela defesa dos direitos das crianças e adolescentes, oficialmente reconhecidos, desde a Constituição de 1988, como sujetios de direitos, sentimos a dor de tantas outras famílias e comunidades escolares vitimizadas e atingidas direta ou indiretamente por um cenário de insegurança crescente no ambiente escolar brasieliro ao longo dos últimos 23 anos, de acordo com dados do relatório: O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental

Ao olharmos para os assustadores e preocupantes dados reunidos no citado Relatório, nos aliamos às vozes da sociedade que defendem, com urgência, o debate sobre as violências contra a escola e a criação, em rede, de estratégias preventivas aos atentados que têm vitimado as comunidades escolares brasileiras. Defendemos que as escolas precisam estar associadas e plenamente integradas a redes protetivas, mas reconhecemos que, como sociedade, precisamos, com ainda mais urgência, nos escutarmos mais, nos acolhermos sempre e de cuidados que ultrapassem as fronteiras dos preconceitos e da culpabilização. Estamos uma sociedade doente, pedindo por socorro! É na escola onde tudo começa, e onde a realidade se exprime em sua cruel honestidade!

Prevenir e impedir

Tem se tornado comum, e perceptivelmente necessária, a afirmação de que “a escola é espelho do que ocorre fora de seus muros”. Se há cerca de 20 anos (que parecem ter sido ontem) os ataques violentos com armas de fogo e outros artefatos pareciam fatos inusitados ocorridos em escolas norte americanas, hoje, na mesma velocidade dos avanços tecnológicos e da vida, cada vez mais sem filtros, das redes sociais, além do avanço da extrema direita no mundo, observamos esse tipo de violência acontecer no Brasil.

De acordo com o Relatório, elaborado para propor estratégias concretas para a ação governamental e elaborado para o atual governo, ainda no período de transição, os eventos de violência nas escolas no Brasil começaram na primeira década dos anos 2000, não havendo registro deste tipo de ataques antes deste período. Os dados registrados apontam 16 ataques a escolas brasileiras, dos quais, quatro aconteceram no segundo semestre de 2022. Este ano (2023), nos 4 primeiros meses, foram registrados pelo menos quatro casos: o ataque com bomba caseira por um ex-aluno em Monte Mor (13/02 – SP); o ataque a faca por um aluno de 13 anos a uma escola em São Paulo, que deixou uma professora morta e quatro pessoas feridas, em 27 de março; o ataque a faca por um aluno a colegas em uma escola do Rio de Janeiro, em 28 de março; e o atentado à creche em Santa Catarina, em 05 de abril. 

Prevenir e impedir os ataques às escolas passa por ações extra e intraescolares, por meio de um trabalho intersetorial. Nessa perspectiva, foi instituído o Grupo de Trabalho Interministerial (DECRETO Nº 11.469, DE 5 DE ABRIL DE 2023) , no âmbito do Ministério da Educação, com a finalidade de propor políticas de prevenção e enfrentamento da violência nas escolas, que já registram ao imenso número de 22 ataques entre outubro 2002 e março de 2023. Episódios que vêm acontecendo em períodos cada vez mais curtos entre si (levantamento feito pela pesquisadora Michele Prado, do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP). 

O que isso diz sobre nós? Que projeto de sociedade vem se concretizando? É possível ainda acreditar existir alguém inatingível por esta triste realidade? As ilusórias e invisíveis fronteiras foram tragicamente rompidas – escolas públicas ou particulares; crianças pequenas; comunidades de distintos perfis. Todos atingidos por uma violência que não respeita a diversidade. E nem as infâncias. Parece que, enfim, e de forma dolorosa, a sociedade vem chegando à compreensão de que somos todos frutos de um mesmo meio e que a diversidade é apenas uma de suas características vitais. 

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