Ao premiar a atuação do indiano e da jovem paquistanesa, ONU reconhece o direito à educação como fundamento da democracia, da justiça social e da paz.
A paquistanesa Malala Yousafzai, de 17 anos, e o indiano Kailash Satyarthi, de 60 anos, ganharam o prêmio Nobel da Paz de 2014. O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira (10/10) pelo comitê do Nobel, que reconheceu o protagonismo dos ativistas na “luta contra a opressão das crianças e dos jovens e pelo direito de todas as crianças à educação”.
Kailash Satyarthi foi fundador e presidente da CGE (Campanha Global pela Educação) e fundador da Marcha Global contra o Trabalho Infantil e da Bachpan Bachao Andolan, que retirou mais de 80.000 crianças da escravidão, tráfico e exploração laboral nas últimas três décadas. O ativista já havia sido indicado ao Nobel em 2006.
O indiano esteve no Brasil diversas vezes, participando de atividades da Campanha Nacional pelo Direito à Educação em conjunto com a CGE. Há um ano, em outubro de 2013, a convite da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Kailash participou da audiência pública “Fora da Escola não Pode: o contexto de exclusão escolar no país e os impactos do trabalho infantil”, realizada no Senado Federal, convocada pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) por sugestão da Campanha.
“Nós da Marcha Global contra o Trabalho Infantil entendemos que é preciso enfrentar conjuntamente o trabalho infantil, a pobreza e a exclusão escolar. Estes três pilares são fundamentais para se promover o crescimento global de forma sustentável. Não podemos discutir mais essas questões em esferas separadas, por departamentos diferentes do poder público e representações diferentes da sociedade civil”, afirmou Kailash durante a audiência.
Malala é a pessoa mais jovem a receber o Nobel
Aos 11 anos de idade, a indiana Malala chamou a atenção do mundo para as atrocidades cometidas pelo Taleban contra meninas que iam à escola em áreas sob controle da milícia. Sob um pseudônimo, as denúncias eram publicadas no blog da BBC local. Em 2012, talebans atiraram em Malala por ela defender o direito à educação. Após o atentado, ela tornou-se a principal voz mundial em defesa da educação feminina.
“Os terroristas pensaram que mudariam nossos objetivos e eliminariam nossos desejos, mas apenas uma coisa mudou na minha vida: a fraqueza, o medo e a falta de esperança morreram, enquanto a força, o poder e a coragem nasceram”, disse Malala, em discurso na Assembleia Geral da ONU, um ano depois do atentado. A adolescente é a pessoa mais jovem a receber o Nobel, que está na 114ª edição.
“O Prêmio Nobel da Paz reconheceu, nesse ano, o direito à educação como um fundamento da democracia e da justiça social e, portanto, da paz. Malala enfrenta o radicalismo religioso em defesa do direito à educação das mulheres. Kailash luta contra o trabalho infantil dizendo que o lugar das crianças é na escola. Kailash é fundador da Campanha Global e sempre incentivou e reconheceu nosso trabalho na Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Estou profundamente emocionado!”, diz Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Fonte: Campanha Nacional pelo Direito à Educação