Maracanaú (CE) – Em Maracanaú (CE) as formações do Paralapracá têm gerado resultados para além da valorização do coordenador pedagógico em seu papel de formador dentro das instituições de Educação Infantil. Esses profissionais iniciaram, em julho (2014), um movimento de formações articuladas que tem ajudado a driblar desafios, e levado professores e crianças para experimentações inéditas nos eixos formativos do projeto.
A inciativa foi deflagrada por meio de uma provocação da coordenadora pedagógica do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Paulo Freire, Vanessa Santana, feita com o intuito de viabilizar a visita do quadro de professores e das crianças a uma comunidade indígena, durante as formações do eixo Assim se Explora o Mundo. E culminou com uma ação conjunta de cerca de 10 instituições que uniram forças para viabilizar o “encerramento” das formações do eixo Assim se Faz Arte.
Juntas, as instituições realizaram exposições de arte ao longo de um mesmo período, causando um movimento na Rede Municipal de Educação, além de uma formação no Espaço Cultural da Unifor quando professores e, em seguida, as crianças, vivenciaram as exposições: Abstrações e Narrativas Poéticas.
Para a supervisora do Paralapracá, Francisca Nepomucena, esse movimento é um sinal de que a intensão do Paralapracá de formar profissionais com perfil autônomo e implicados com a melhoria da qualidade do atendimento às crianças, está reverberando entre as coordenadoras pedagógicas. “Elas estão entrando em sintonia e isso é primordial para Educação Infantil. Estamos começando a ver florescer as práticas em vários pontos do município nas escolas parceiras do Paralapracá”, diz.
Francisca Nepomucena conta que a articulação surgiu de forma espontânea durante as formações do projeto. Primeiro, por meio da realização de trocas no momento dos encontros, depois, por meio da viabilização de formações conjuntas. Inicialmente entre escolas do mesmo bairro, depois sem a limitação das fronteiras da comunidade. “Elas buscam apoio umas nas outras para superar alguma dificuldade, pois perceberam que com um grupo maior é mais viável. Então, começaram a se organizar”, conta a supervisora do Paralapracá.
A coordenadora pedagógica do CMEI Paulo Freire, Vanessa Santana, considera esse um movimento natural. “Em um ambiente educacional não tem como não ter a disponibilidade de trabalhar com o outro. Na instituição, nós interagimos com os pais, os professores, as merendeiras etc. por que não com outra instituição par?”, reflete. E afirma gostar muito de trabalhar em grupo, desde o tempo em que atuava em sala de aula, e agora que está na gestão procura articulações para enriquecer o trabalho. “Vivemos em um mesmo contexto, numa mesma realidade. Então acho muito interessante essa troca dentro do grupo”, diz.
Primeiro passo
“Eu tinha o contato de uma pessoa que tinha sido diretor da escola indígena que visitamos. Estávamos no eixo Assim se Explora o Mundo do Paralapracá e queríamos levar os meninos para conhecer a comunidade”, conta Vanessa Santana, que percebeu que o trabalho articulado não apenas seria mais fácil, mas também beneficiaria mais crianças e educadores. Então, a coordenadora pedagógica procurou outras duas instituições: a Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental (EMEIEF) Heitor Vila Lobos e a EMEIEF Senador Carlos Jereissati.
“Daí por diante outras formações passaram a acontecer de forma articulada”, conta. As instituições chegaram a desenvolver uma metodologia específica para a ação conjunta, que envolve tanto a formação dos professores, como possibilita às crianças uma nova experiência. “Primeiro a gente identifica o lugar e verifica as condições para a visitação. Como as crianças são pequenas, levamos primeiro os professores”.
A visita ao Espaço Cultural da Unifor, por exemplo, seguiu essa mesma lógica. “Primeiro fizemos uma pesquisa sobre o que estava acontecendo de exposição na cidade e sobre o que seria viável.
Encontramos no Espaço Unifor um local acessível, pois eles disponibilizam ônibus e lanche para as crianças, além de ter alguém ligado a arte mediando o encontro”, conta Vanessa Santana, que mais uma vez esteve entre as coordenadoras pedagógicas, à frente do movimento.
Entre as 10 instituições que se articularam para promover essa experiência para seus educadores e crianças estão o CMEI Norma Célia, que visitou o local em parceria com a EMEIEF Senador Carlos Jereissati. “É a primeira vez que participamos desse tipo de articulação. Mas a partir do momento que recebemos a formação do Paralapracá e com ela a missão de formar as professoras, percebemos o quão é interessante nos unirmos para a realização de formações conjuntas e troca de experiências”, conta a coordenadora pedagógica do CMEI Norma Célia, Ana Caroline Cunha.
Paralapracá
O projeto Paralapracá é uma ação do programa Educação Infantil do Instituto C&A que visa contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento às crianças na educação infantil, com vistas ao seu desenvolvimento integral. O projeto se desenvolve em aliança com secretarias municipais de Educação e possui dois âmbitos de atuação: a formação continuada de profissionais de educação infantil e o acesso a materiais de uso pedagógico de qualidade, tanto para crianças quanto para professores. A iniciativa é implementada em parceria técnica com a ONG Avante – Educação e Mobilização Social, de Salvador (BA). Integram o segundo ciclo do projeto, em realização entre 2013 e 2015, cinco municípios: Camaçari (BA), Maceió (AL), Maracanaú (CE), Natal (RN) e Olinda (PE).