Descrita como “uma outra economia” e como alternativa à competitividade capitalista, a economia solidária cada vez ganha mais espaço. Segundo dados da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) de 2012, a Bahia conta com cerca de 1.700 empreendimentos solidários distribuídos em todas as regiões do estado. Definida pela organização coletiva, as cooperativas populares são seus negócios mais conhecidos. A fim de fortalecer a prática, mais uma delas será lançada em Salvador no próximo dia 2 de abril: trata-se da CooperFeira Novo Sabor – Cooperativa de Alimentos da Feira de São Joaquim, primeiro empreendimento solidário do Brasil a funcionar dentro de uma feira livre. Na oportunidade, o público poderá visitar seu centro de produção, localizado dentro da própria feira, na Rua do Muro, a partir de 10h.
Segundo dados da Senaes, em 2005 o setor abrigava 1 milhão e 200 mil trabalhadores, número que se multiplicou, visto o crescimento dos empreendimentos solidários. Informações divulgadas pela mesma secretaria em 2012 indicam que o Brasil conta com 33.518 negócios do porte, sendo 70% deles registrados oficialmente. Chama a atenção o fato de que 40% dos empreendimentos estão localizados na região Nordeste.
A CooperFeira Novo Sabor surge em meio a esse crescimento e agrega todas as características que definem a economia solidária: autogestão, cooperativismo, comércio justo e consumo sustentável. Composto por 12 trabalhadores da Feira de São Joaquim, o negócio surgiu do desejo de ver modificada a situação de desperdício de alimentos na feira. “Reaproveitar os refugos descartados em São Joaquim para a produção e comercialização de novos produtos alimentícios é o objetivo da cooperativa, que, além de beneficiar a comunidade feirante de forma direta, tem potencial para diversificar o comércio local e reforçar o caráter turístico da feira”, diz Fabiane Brazileiro, mestra em Gestão Social pela Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e coordenadora da linha de Formação para o Trabalho da Avante – Educação e Mobilização Social, organização da sociedade civil que presta assessoria a empreendimentos solidários.
Desde a sua criação, a CooperFeira conta com a assessoria do projeto É Dia de Feira Solidária, realizado pela Avante, com recursos da Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esportes da Bahia (SETRE), por meio da Superintendência de Economia Solidária (SESOL). A criação dessa superintendência estadual revela conquistas alcançadas pelo setor nos últimos anos. Além da criação do órgão em 2007, e da Senaes no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em 2003, a organização dos Fóruns Estadual e Brasileiro de Economia Solidária e Agricultura Familiar demonstram a institucionalização dessa outra economia.
No âmbito municipal, a busca é pela retomada do Projeto de Lei nº 758/2013, do vereador Everaldo Augusto (PCdoB), que institui na capital baiana o Programa e a Política Municipal de Economia Solidária. “Uma parcela importante da economia local é constituída pela economia solidária, a população daqui tem uma vocação para a área. Assim, é necessário criar uma legislação que determine obrigações ao poder municipal, para que esses trabalhadores desenvolvam seu potencial, resultando na geração de renda e qualidade de vida”, defende o vereador, que admite que o projeto está tramitando de forma lenta na Câmara.
O movimento que chegou ao Legislativo ganhou força com a retomada do Fórum Soteropolitano de Economia Solidária, que elaborou um abaixo assinado em prol da Lei, que já conta com mais de 500 assinaturas e incentiva a criação de uma frente parlamentar em defesa do setor. “Através do Fórum de Economia Solidária, nós, militantes, ficamos fortes para buscar apoio na Lei. A Lei da Economia Solidária vai beneficiar nosso grupo e todos os outros grupos de economia solidária”, acredita Jandira dos Santos, integrante da CooperFeira Novo Sabor – Cooperativa de Alimentos da Feira de São Joaquim.
Para compreender de que modo funciona a economia solidária e qual o panorama do setor atualmente, veja os infográficos abaixo:
Infográfico 1. Fonte: Gabriel Kraychete.