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Empreendimento de costura vai fortalecer mulheres de candomblé para desenvolvimento local

Costura em larga escala, uso de máquinas, noções de administração, liderança e empreendedorismo. São os ensinamentos que 25 mulheres dos terreiros de candomblé Tanuri Jussara e Cobre, localizados no Engenho Velho da Federação, em Salvador, vão receber por meio do projeto IPA – A Força Empreendedora das Mulheres, cujas ações são voltadas à geração de renda com base nos princípios da economia solidária e da formação cidadã.
 O projeto, que se inicia no próximo mês (julho), é uma iniciativa da Avante – Educação e Mobilização Social, na Linha de Formação para o Trabalho, em parceria com a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE), por meio da Superintendência de Economia Solidária (SESOL).  “O IPA irá preencher uma lacuna no mercado de trabalho de Salvador, que não absorve uma parte considerável das pessoas oriundas de terreiros por questões de idade, escolaridade, experiência profissional, e pelo preconceito que perpassa pela localidade onde mora, cor da pele e religião”, esclarece Carol Duarte, consultora associada da Avante e coordenadora do projeto.

Grupos produtivos

Para tanto, o projeto irá contribuir para a formação profissional das mulheres e estimular a formação de grupos produtivos de costura com vistas a promover a produção de uma moda com design étnico e afro-brasileiro. “Fomentar o desenvolvimento desses grupos produtivos de economia solidária significa também promover a autonomia e autoestima dessas mulheres, contribuindo para a equidade de gênero e raça”, avalia Carolina Duarte.

Além da confecção das roupas usadas em rituais das religiões de matriz africana, os grupos produtivos serão estimulados a criar peças que preservem o tradicional e incorpore o contemporâneo, oferecendo ao mercado um produto de qualidade, competitivo, e que contribua para a geração de renda, autonomia e o empoderamento dessas mulheres.

Preservação cultural

Pra começar, será realizada uma pesquisa de identidade cultural da matriz africana, que consiste numa ação de cunho qualitativo. Serão identificadas lideranças locais, beneficiários do projeto (mulheres), histórico da comunidade, tradições, valores e manifestações culturais (músicas, imagens, desenhos, brincadeiras), que possam servir de insumos para os trabalhos de criação da oficina de costura e de conteúdo para os trabalhos de grupos.

Tudo pensado para atender a uma das metas do IPA, que é contribuir para a preservação das manifestações culturais dos grupos tradicionais, que ficam, em geral, restritas aos mais velhos. Estes que, por sua vez, transmitem os saberes aos iniciados, por meio da oralidade.

Os terreiros Tanuri Jussara e Cobre foram escolhidos para participar do IPA – A Força Empreendedora das Mulheres pela tradição que ambos têm na costura. O primeiro, inclusive, foi fundado por uma costureira.

Economia solidária

Dentro da economia solidária existem milhares de trabalhadores e trabalhadoras organizados de forma coletiva, gerindo seu próprio trabalho e lutando pela sua emancipação. São iniciativas de organizações não governamentais e instituições universitárias, voltadas para projetos produtivos coletivos, cooperativas populares, redes de produção-consumo-comercialização, instituições financeiras voltadas para empreendimentos populares solidários, empresas recuperadas por trabalhadores organizados em autogestão, cooperativas de agricultura familiar, cooperativas de prestação de serviços, dentre outras.

Essa economia não segue princípios capitalistas como competitividade exacerbada, individualismo e lucro privado. Ao contrário, propõe práticas de produção, comercialização e consumo, baseadas na cooperação, igualdade, autogestão e respeito ao ser humano e ao meio ambiente. A Avante atua na área com foco no fomento e apoio a empreendimentos solidários na cidade de Salvador.

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