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Crianças e famílias participam de oficinas do Todos Juntos, para enfrentamento ao Trabalho Infantil

Foi realizada no período entre 21 e 26 de Setembro a 4ª Viagem do Todos Juntos – Território de Itaparica para o polos Paulo Afonso e Chorrochó. Desta vez, as consultoras da Avante – Educação e Mobilização Social visitaram todos os seis municípios para realizar oficinas com grupos de crianças e famílias que foram organizadas e tiveram a participação dos reeditores sociais (representantes do Sistema de Garantia de Direitos – SGD dos municípios que, formados anteriormente pelo projeto, usam os conhecimentos adquiridos para elaborar e realizar ações de combate ao Trabalho Infantil – TI).

Para realização das oficinas, a Avante utiliza metodologia inovadora de escuta de crianças com técnicas participativas e livre expressão dos atores, possibilitando conhecer o cotidiano das famílias e das crianças, bem como as suas percepções sobre o Trabalho Infantil. Para a consultora associada e coordenadora do projeto, Ana Luiza Buratto, as oficinas foram experiências exitosas. “Reconhecendo a participação cidadã como um direito, foram criados momentos ricos em que famílias e crianças, vivendo um clima descontraído e acolhedor, tiveram oportunidade de expressar suas opiniões mediante diferentes linguagens, provando que é possível dar voz e valorizar a percepção desse público, desde que se utilize estratégias metodológicas apropriadas e adaptadas à suas realidades”, disse.

O projeto é realizado pela Avante em parceria com a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia (SETRE)/Funtrad – Fundo de Promoção do Trabalho Docente, Agenda Bahia do Trabalho Decente e Prefeituras dos municípios envolvidos.

Mães

Nos seus depoimentos, as mães (apenas um pai compareceu) tiveram a oportunidade de resgatar lembranças da infância, e muitas delas declararam ter sido moradoras da zona rural, vivendo em contextos de muitas dificuldades, quase todas em situação de Trabalho Infantil. Apesar disso, elas expressaram a satisfação de hoje poder manter os filhos na escola, dando a eles tudo que não puderam ter na sua infância.

“Eu não tive uma infância. Eu tive uma vida sofrida, meu pai e minha mãe não me deram estudo. Me botaram para trabalhar desde os nove anos de idade. Até hoje eu carrego sofrimento. Não quero que meus filhos passem por aquilo que eu passei. Trabalhar em roça, em enxada para usar um chinelo. Eu prefiro eu trabalhar e eles estudarem para vencer na vida. Criança tem que estudar e brincar”, disse uma delas.

Apesar de vivenciaram o Trabalho Infantil, algumas mães veem seu passado com menos sofrimento, por ter encontrado quem desse um pouco de atenção a sua condição de criança. “Ele (o pai) criou a gente tudo trabalhando na enxada. Eu era muito feliz. Tivemos uma boa infância. Meu pai sempre brincou com a gente. Sempre trabalhei, mas estudei também. Naquele tempo era assim. Aprendi muito com isso. Hoje eu pretendo fazer com que meus filhos vão para a escola e eu brinco com eles”, disse outra mãe.

Crianças

As crianças, não necessariamente filhas das mães que participaram das oficinas, revelaram, por sua vez, opiniões contraditórias em relação ao trabalho infantil. Ora ressaltando o valor do trabalho na infância como algo natural e necessário pela possibilidade que abre para prestar ajuda à sua família. Ora foi destacado como fator de adoecimento e muito prejudicial à vida delas. ” Menor de 18 anos trabalhando para sobreviver. Acho legal trabalhar”. “Acho injusto criança fazer trabalho de adulto”. ” A criança está vendendo doce para ajudar a família “. “Tapando buraco e carregando carrinho de feira. Todos dois é escravidão”. Foram algumas das falas dos meninos e meninas dos município visitados.

A consultora associada da Avante, Ivanna Castro, ressaltou que os grupos de crianças e famílias trouxeram grandes contribuições para o projeto e positivo para os participantes. “Uma mãe relatou que deveria ter sempre momentos como este, pois a deixava mais relaxada e leve”, disse, lembrando que não faltaram brincadeiras como pula corda, tira a cadeira, capoeira, entre muitas outras, para dar o toque de ludicidade necessário aos encontros.

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