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Coordenadoras Pedagógicas vivem momentos de ampliação Cultural

Maceió (AL) – Elementos da natureza coletados na vizinhança foram a matéria prima para a experimentação artística das coordenadoras pedagógicas do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Herbert de Souza, do município de Maceió. As coordenadoras produziram obras de arte, discutiram a produção das crianças e visitaram o ateliê do artista plástico Persivaldo Figueirôa que utiliza objetos encontrados no lixo e os transforma em obra de arte. As atividades proporcionaram momentos de ampliação cultural propostos no Eixo Assim se Faz Arte do projeto Paralapracá.

As coordenadoras interagiram com sementes de aroeira, palmeira, olho de boi; rendas e tibacas de coqueiros; folha de fruta pão e de imbaúba, cocos secos, folhas secas de diversos tamanhos, espessuras e cores; tocos de madeira; flores secas e outros objetos, e refletiram sobre suas possibilidades estéticas. “Procuramos identificar a origem dos objetos. Algumas das coordenadoras pedagógicas tiveram dificuldades, ao passo que para outras os elementos eram familiares a coisas e histórias da infância. Foi um momento bom de lembranças do mato e dos coqueirais das praias conhecidas de longo tempo”, conta Geisa Andrade, assessora pedagógica do projeto em Maceió.

Com os objetos, as coordenadoras produziram enfeites de mesa e cenários praieiros com jangadas, mar e pescador. Para a gerente de Educação Infantil (EI) do município, Angelina Araújo, é fundamental proporcionar estas experimentações às coordenadoras pedagógicas. “Isto as motiva e influencia suas práticas pedagógicas. Consequentemente, potencializa as formações nas instituições”, diz.

Geisa Andrade conta que as coordenadoras pedagógicas levaram os trabalhos de arte produzidos com as crianças nas instituições. Foram apresentados os móbiles de papelão e a composição de pano e papel da creche Maria Liege Tavares, o tigre de papietagem da creche Caic Trapiche, os trabalhos das crianças com elementos da natureza da Tobias Granja e os desenhos com giz branco em lixa preta da Rosane Collor. “Após a apreciação dos produtos e as falas sobre o processo de construção, salientei que os trabalhos das crianças deverão ser guardados para exposição em data a ser combinada coletivamente”, conta. Após a experiência, o grupo seguiu para o ateliê de Persivaldo Figuêroa que, para surpresa de algumas, tem uma proposta semelhante à do projeto Paralapracá.

Arte na infância

Angelina Araújo ressalta que a escolha do atelier do artista para visitação foi feita a partir da relação de seu trabalho com a proposta do projeto Paralapracá. Entre elas a proximidade do artista com o universo infantil. “Ele ministra oficinas de arte na PINACOSESC (galeria de Artes do Sesc Maceió), para crianças da Educação Básica”. No entanto, o que mais marcou a assessora de Maceió foi a importância que ele dá ao trabalho artístico iniciado logo cedo, na infância. “Para ele o exercício do fazer iniciado ainda criança e de forma constante, aprimora o traço, aguça o olhar, qualifica a intimidade com os materiais, pois renova a criatividade”, diz.

A observação do artista plástico pernambucano, radicado em Maceió há quase trinta anos, é fruto da sua própria experiência de vida. “Meu pai morreu e deixou minha mãe com três filhos e mais um no bucho. Então minha mãe foi para feira e eu comecei a pintar roupinhas de nenê e mochilinhas para colocar pão para vender. Minha mãe pagava por esse trabalho. E foi assim que comecei a minha relação com as tintas, aos oito anos”, conta.

Outro ponto é a valorização da cultura local e aproveitamento de materiais da natureza. Angelina Araújo destaca a presença, nas obras do artista, a paixão pelas feiras populares e de artesanato, os parques de diversão e o teatro de fantoches. E observa que a maioria de suas obras são produzidas a partir do uso de objetos recicláveis encontrados nas ruas, nas praias e nos diversos espaços públicos e os transformando em arte.

Impacto na prática

Para a gerente de Educação Infantil (EI), a visita foi uma excelente oportunidade para as coordenadoras pedagógicas se inspirarem para o exercício de sua criatividade na vida e em suas práticas pedagógicas. Para a assessora do Paralapracá, a formação ajudou as coordenadoras pedagógicas e perceber a importância de ensinar as crianças a ter um olhar mais cuidadoso. “Se tudo que aprendemos nas formações e nas vivencias não tiver a ressonância na prática pedagógica com as crianças não funciona. Tudo o que aprendemos como educadoras deixa de fazer sentido”, alerta. A assessora observa, ainda, que é preciso ajudar as crianças a aguçar o olhar e a criatividade por meio de estímulos para a pintura apresentando-lhes obras de arte, imagens, incentivando que se expressem livremente.

Socorro Monteiro, coordenadora do núcleo de arte e cultura da SEMED de Maceió, acredita que o encontro foi o rompimento com o mito de que fazer arte é privilégio de poucos, que é uma coisa enigmática, que foi uma oportunidade de encurtamento da distância que existe entre o artista e as pessoas comuns. “O encontro reforçou o que falamos em toda formação – o que nos leva a entender o trabalho educativo com arte é vivenciá-la por meio da pesquisa, do aprendizado, da visita a galerias, teatros, cinemas, ouvindo músicas, lendo. Em fim, tendo acesso ao que nos propomos a ensinar”, diz a coordenadora.

O projeto Paralapracá é uma ação do programa Educação Infantil do Instituto C&A que visa contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento às crianças na educação infantil, com vistas ao seu desenvolvimento integral. O projeto se desenvolve em aliança com Secretarias Municipais de Educação e possui dois âmbitos de atuação: a formação continuada de profissionais de educação infantil e o acesso a materiais de uso pedagógico de qualidade, tanto para crianças quanto para professores. A iniciativa é implementada em parceria técnica com a ONG Avante – Educação e Mobilização Social, de Salvador (BA). Integram o segundo ciclo do projeto cinco municípios: Camaçari (BA), Maceió (AL), Maracanaú (CE), Natal (RN) e Olinda.

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