Grande parcela da população brasileira e baiana ainda tem dificuldade em conseguir trabalho. O que muitos desconhecem é a possibilidade de outras alternativas, como o trabalho em cooperativas de economia solidária.
Desde 2007, a Bahia possui uma Superintendência de Economia Solidária (SESOL) vinculada à Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE) que promove ações e projetos de incentivo à formação de empreendimentos solidários. Estes projetos visam principalmente a inclusão social e a geração de trabalho e renda.
Ações do governo
Dentre as ações do governo estadual para promover o crescimento e consolidação da economia solidária estão a incubação de novos empreendimentos e cooperativas, a realização e o apoio a feiras estaduais e regionais e incentivos para a formação de experiências de finanças solidárias.
“Nossa principal ação hoje é desenvolvida através do Centro Público de Economia Solidária (CESOL). Neste ano vamos inaugurar mais quatro Centros na Região Metropolitana de Salvador com o objetivo de ampliar a assistência técnica aos empreendimentos de economia solidária”, diz o Superintendente de Economia Solidária, Milton Barbosa.
No âmbito legislativo, a Lei Marco Legal de Economia Solidária na Bahia garante a elaboração e execução dessas políticas. Há um mês atrás, a mesma lei possibilitou o a criação de um Conselho Estadual de Economia Solidária.
O trabalho em Cooperativa
Uma das principais vantagens de trabalhar em cooperativa é a auto-gestão do empreendimento pelos próprios integrantes. Não é uma relação de trabalho assalariada, não existem patrões, os cooperados trabalham por um bem comum, que pertence à todos.
Com o apoio de políticas públicas e iniciativa privada algumas cooperativas vêm sendo desenvolvidas em comunidades de Salvador com médio/alto índice de desemprego. A Cooperativa Costurando Ideias foi implantada no Calabar em 2008 pelo Projeto Grãos, da ONG Avante – Educação e Mobilização Social em parceria com o Instituto Wallmart, através da Linha de Formação para o Trabalho. “Eu estava desempregada, achei a cooperativa uma opção. Eu e as colegas trocamos experiências e aprendemos muita coisa umas com as outras”, diz Angelina Santos, que está na cooperativa de costura há cinco meses.
Outro exemplo é a COOPCHARME, fomentada pelo Projeto Florescer, através da Avante, SETRE e SESOL. É uma cooperativa de estética que está em fase de formação na Roça da Sabina. As integrantes têm passado por cursos técnicos e profissionalizantes não só para exercerem a profissão mas também para estarem capacitadas à gerenciar um negócio. “Com a idade que eu tenho emprego está difícil, este projeto está me dando uma oportunidade de trabalho e aprendizado”, relata Elisa, 38 anos, integrante da cooperativa.
Auto gestão
A principal intenção tanto dos gestores públicos quanto das ONGs atuantes em projetos de fomento à empreendimentos de economia solidária é que eles possam ser auto geridos pelos cooperativistas após o período de realização dos projetos. A partir de então estes serão capacitados para administrar suas atividades e retirar sustento da própria produção, gerando um fluxo de comércio sustentável no qual o consumidor também sairá ganhando.
Com o objetivo de estabelecer um contato entre empreendimentos solidários e seu público alvo, em outubro será realizado o Festival Florescer de Economia Solidária, no Campo Grande. O festival reunirá mais de 20 cooperativas de economia solidária de Salvador e RMS. Segundo a coordenadora do Festival, Fabianne Brazileiro, estes eventos são importantes pois possibilitam que as cooperativas aprendam a lidar com o público e a adequar os produtos às exigências do mercado, para que desse contato nasça a autonomia dos empreendimentos de economia solidária.