A comunidade traz a marca da resistência do povo negro de Salvador na sua história. De início para escapar da escravidão, depois para proteger suas raízes, fincadas em um local nobre da cidade. O bairro do Calabar, que tem sua origem em um Quilombo (Quilombo dos Kalabari), promoveu, no dia 25 de novembro, na Quadra Comunitária do bairro, mais uma edição das atividades em comemoração pelo mês da Consciência Negra (novembro). As crianças do bairro brincaram, desenharam, fizeram origamis e dançaram ao som da música africana.
Algumas delas, integrantes do Grupo de Crianças do Calabar, articulado pelo projeto Infâncias em Rede, já tinham tido a oportunidade de conversar sobre a história do bairro e, a partir dela, iniciar uma discussão sobre violência que as levou ao conhecimento da Lei Menino Bernardo (Lei nº 13.010, que proibi o uso de castigos físicos ou tratamentos cruéis ou degradantes na educação de crianças e adolescentes).
Mobilizadas, as crianças decidiram partir para a ação e promover uma mudança cultural que tem como foco elas mesmas e seus familiares, e propagar esse direito na comunidade. Elas iniciaram esse movimento com a produção do roteiro de uma peça de teatro; prosseguiram com a criação, produção e gravação de um jingle; construíram totens e os espalharam pelas ruas para estimular a cultura da paz; além de gravar um vídeo dando continuidade a um movimento internacional que encoraja as pessoas a baterem na porta das casas e interromper uma situação de violência doméstica – “Bata na Porta”.
A ação do dia 25 aproximou os integrantes da comunidade da cultura do país de origem de seus antepassados e chacoalhou a auto estima ao trazer colorido e alegria às ruas. Promovido pela Avante – Educação e Mobilização Social, por meio do projeto Infâncias em Rede (Fundação Bernard van Leer) em articulação com o Programa Integrado de Pesquisa e Cooperação Técnica em Comunidade, Família e Saúde (FASA/UFBa) e a Biblioteca Comunitária do Calabar, a ação realizada na Quadra Comunitária do bairro, contou com a parceria do DJ africano Sankofa, e dos grafiteiros Tati Matos e Fumax, com seu movimento Fale de Amor Todo dia.
História de luta
Segundo o historiador Cid Teixeira, o Quilombo do Calabar foi formado por alguns escravos trazidos de uma região da África, chamada de Kalabari (atual Nigéria). A partir do final de 1960, o bairro observa um crescimento grande com a chegada dos imigrantes da zona rural e de famílias inteiras expulsas de outros locais da cidade pelo poder público.
Neste momento, ocorre o fortalecimento e a organização de grupos do bairro para reivindicarem direitos básicos como: moradia, saúde, educação, com destaque para o grupo de Jovens Unidos do Calabar – JUC. A comunidade está localizada entre os bairros do Jardim Apipema, Ondina, Alto das Pombas e Avenida Centenário.
Fonte: site Salvador – Cultura Todo Dia.