O azul-piscina de suas praias já virou letra de música popular brasileira. Mas, Maceió, capital do Alagoas, não vivia o mesmo frescor na área da Educação Básica. Em 2013, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), alcançou a marca de 4,1, quando a meta era a nota 5 – que só veio em 2017, como descrito no prefácio do livro “O coordenador pedagógico da Educação Infantil em Formação: a experiência exitosa de Maceió” (Editora Appris /2020), autoria de Angelina Araújo. Angelina é gerente de Educação Infantil da Rede Municipal de Educação de Maceió e foi referência no município quando a Avante – Educação e Mobilização Social realizou ações de formação continuada de educadores da Educação Infantil entre 2013 e 2017.
A parceria estabelecida com a Avante aconteceu por meio do Programa Paralapracá – uma frente de formação de profissionais da Educação Infantil, que visa contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento às crianças nesse segmento, com vistas ao seu desenvolvimento integral. A proposta Paralapracá, de valorizar os saberes de cada localidade e ampliar as referências teórico-práticas, a partir das orientações nacionais para o segmento, valorizando o coordenador pedagógico em seu papel de formador dentro da escola, veio ao encontro às necessidades da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) para melhorar a qualidade do atendimento às crianças entre 0 e 6 anos.
Em sua pesquisa, Angelina faz um recorte temporal entre os anos de 2013 e 2016 e relatando a implementação de uma proposta de formação continuada para profissionais da Rede “com foco no papel do coordenador pedagógico como agente de irradiação das teorias e práticas formativas”, disse a secretária de Educação do município, Ana Dayse Resende Dorea no Prefácio do livro, enfatizando que a autora adverte, em sua obra, que a formação para docência não garante o desenvolvimento de competências para o exercício da coordenação pedagógica. A secretária afirma também que “este é um livro voltado para o processo formativo daqueles e daquelas que compõem a gestão pedagógica das escolas, os(as) coordenadores(as) pedagógicos(as), e traz em seu bojo as reflexões, a pesquisa incessante e a apresentação de uma proposta de formação para a rede pública municipal da cidade de Maceió a partir de suas próprias evidências”.
Para entender melhor em qual contexto o livro foi escrito, é importante dizer que ele advém da pesquisa de Mestrado de Angelina defendida em fevereiro de 2019, na cidade de Santiago do Chile. Por ter muitas informações relevantes, coletadas ao longo de quatro anos de formação continuada no município, decidiu reuni-las numa publicação que apresentasse reflexões sobre qual projeto de formação continuada seria mais adequado para a Rede de Educação de Maceió. Ela defende que investir na formação contínua dos docentes e dos coordenadores pedagógicos é um dos caminhos para a melhoria da qualidade do desempenho dos processos educativos.
A pesquisa foi realizada ao longo de um ano e abrangeu 10% do total de instituições do município e um número representativo de coordenadores pedagógicos, professores, gestores e professores técnicos da SEMED. “Tomamos esse ponto de partida para apresentar reflexões sobre a atuação do coordenador pedagógico com vistas a subsidiar a criação de políticas públicas para esse profissional da Educação Infantil, porque entendemos que os desafios para promover a melhoria na qualidade do ensino nesse segmento são imensos, sendo necessário voltar a atenção para profissionais dentro da escola, que não têm recebido investimentos no âmbito da formação, como é o caso do coordenador pedagógico”, conta Angelina.
De acordo com informações divulgadas na pesquisa e no livro, em 2017, a Rede Municipal de Educação de Maceió atendia, na etapa do ensino de Educação Infantil, 7.468 crianças na idade escolar de 0 a 5 anos, 454 professores e 60 coordenadores pedagógicos. Entre 2013 e 2016, buscou aprimorar sua política pública para Educação, por meio de diversas iniciativas, com o intuito de melhorar o nível de desenvolvimento e aprendizagem das crianças atendidas pela rede.
O Paralapracá
Atualmente, o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do Paralapracá é um importante instrumento de formação a distância para profissionais que atuam na Educação Infantil, visto que nele é possível acessar seis cursos online com temáticas relevantes. “Nosso compromisso com a Educação Infantil de qualidade só cresce. Os princípios do Paralapracá são os princípios da Avante para a formação e para a Educação Infantil há mais de 24 anos. Sob a marca do Programa, hoje, nós atuamos na formação desses educadores por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e estamos atendendo cerca de 1.300 profissionais. Com a questão da pandemia, a Avante conta hoje com esta plataforma virtual de aprendizagem, específica para a formação dos profissionais da Educação Infantil, o que tem permitido manter o processo formativo contínuo nos municípios que tem parceria técnica”, disse Mônica Samia, consultora associada da Avante, que coordena projetos de formação de educadores desse segmento.
Originalmente, as ações de formação do Programa foram desenvolvidas em caráter presencial e a distância. Até 2017, as presenciais aconteciam por meio de encontros formativos periódicos e visitas técnicas de assessoria. Já as ações a distância vêm sendo desenvolvidas por meio do AVA desde 2013. As atividades giram em torno de seis eixos: Assim se Brinca, Assim se faz Artes Visuais, Assim se faz Música, Assim se faz Literatura, Assim se Explora o Mundo e Assim se Organiza o Ambiente.
O Paralapracá foi lançado no Brasil em 2010, originalmente focado na região Nordeste. Desde então, chegou a dez municípios, em dois ciclos de implementação. No primeiro ciclo, entre 2010 e 2012, foi desenvolvido nas cidades de Campina Grande (PB), Caucaia (CE), Feira de Santana (BA), Jaboatão dos Guararapes (PE) e Teresina (PI). No segundo ciclo, que se iniciou em 2013 e seguiu até 2017, foram contemplados os municípios de Camaçari (BA), Maceió (AL), Maracanaú (CE), Natal (RN) e Olinda (PE), com resultados significativos constatados pelos processos de monitoramento e pela avaliação externa realizada pela consultoria Move Social.
Em 2015, o Programa Paralapracá tornou-se metodologia consagrada pelo Guia de Tecnologias Educacionais do Ministério da Educação (MEC), ganhando caráter nacional.