“Pela segunda vez conseguiu-se reunir um número expressivo de organizações, inclusive da RNPI, para discutir o impacto da violência e das políticas de segurança pública para este segmento”, diz Maria Thereza Marcílio, gestora institucional da Avante – Educação e Mobilização Social, que esteve presente no II Colóquio Latino-Americano sobre Políticas de Segurança e Direitos Humanos, enfocando a primeira infância, infância e adolescência. A Avante, juntamente com Instituto C&A, Bernard van Leer Foundation e Andi, apoiou o evento realizado, em sua maioria, por organizações que integram a Rede Nacional Primeira Infância (RNPI).
Um dos pontos fortes do Colóquio, desde a sua primeira edição, tem sido a possibilidade de colocar a primeira infância na pauta. “Isto tem possibilitado trazer à tona o impacto da violência e das políticas de segurança pública na vida deste público, que não entrava nas discussões sobre o assunto porque na sociedade elas são vítimas e nunca agressoras. E na criança pequena a violência é sempre traumática, com consequências negativas sobre a vida”, lembra Thereza. Durante o II Colóquio este tema se consolidou como preocupação e objeto de estudo.
Outra virada importante no evento foi a organização de duas mesas estratégicas. A primeira, a mesa intitulada: Impactos das políticas públicas de segurança pública nos diversos segmentos sociais e direitos humanos, discutiu aspectos políticos sob o ponto de vista de quem faz as políticas e sob o ponto de vista dos movimentos sociais, e contou com a presença de Ynauyry Gomes dos Anjos, uma crianças de 10 anos, oriunda da Aldeia Indígena Pataxó Xandó – Bahia. Ynauyry sentou-se ao lado de representantes da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNPDCA/SDH-PR), do Quilombo Xis – Ação Cultural Comunitária (Ba).
A outra mesa é resultado de uma discussão iniciada no I Colóquio sobre como a mídia via o impacto da violência e segurança pública no público foco do evento. Na ocasião ficou claro que a mídia não enxerga a primeira infância nestas situações e a forma enviesada que trata o assunto quando o foco é adolescência. “Ficou óbvia a importância de trazê-la para o debate”, comenta a gestora da Avante. No II Colóquio foram reunidos representantes do Fórum Comunitário de combata à Violência – Tânia Cordeiro; Jornal O Globo – Vera Araújo; do Jornalismo Comunitário na Rocinha – Cecília Felix de Vasconcelos; da Escola Superior de Propaganda e Marketing (SP) – Isabel Orofino; e da Andi Comunicação e Direitos – Suzana Varjão para a mesa Meios de comunicação e violências: construção das notícias e compromissos com os direitos das crianças e adolescentes.
Houve ainda uma mesa sobre Criminalização da pobreza e “securitização” dos processos sociais: territórios, experiências e políticas públicas, o lançamento do livro Cuidado familiar e saúde mental, de Irene Rizzini, Aline Deus da Silva e Leite e Cristiane Diniz de Menezes. E um diálogo sobre o filme Quando a casa é a rua, de Thereza Jessouroun.