Jaboatão dos Guararapes (PE) – Ao final do primeiro ciclo (2010 – 2012), a Secretaria Municipal de Educação (SMED) de Jaboatão dos Guararapes toma a decisão de ampliar a metodologia de formação do Paralapracá e assumir sua implementação em todas as instituições da rede municipal, tendo em vista os resultados obtidos junto às 25 instituições participantes. Nesse mesmo período, o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Professora Simone Patrícia, recebe em seu quadro de colaboradores a supervisora (coordenadora pedagógica), Amanda Sales, formada pelo Paralapracá neste primeiro ciclo do projeto. A iniciativa da SMED, somada ao protagonismo da profissional, garantiu ao CMEI, que não estava entre as instituições beneficiadas no primeiro ciclo, o acesso à proposta do projeto, que visa contribuir para melhoria da qualidade do atendimento às crianças na educação infantil, com vistas ao seu desenvolvimento integral.
Com a ampliação de 25 para a totalidade das 89 instituições de Educação Infantil existentes na rede, conforme exposto no Relato dos três anos do projeto Paralapracá em Jaboatão dos Guararapes (PE), o CMEI Professora Simone Patrícia passou a ter acesso à metodologia de formação do projeto, o que implica na realização das formações dos professores no lócus das instituições, com a liderança da coordenação pedagógica. É neste contexto que a coordenadora Amanda Sales, do CMEI em questão, passa a realizar encontros periódicos com os professores e, contando com sua experiência pregressa no projeto, garante o espaço formativo.
O protagonismo da coordenadora
Quando o projeto firmou parceria com a rede municipal de Jaboatão dos Guararapes no ciclo I, Amanda era professora de uma creche. À época, a instituição não possuía em seu quadro a figura da coordenadora pedagógica ou supervisora, como é chamado esse profissional no município. Como a intensão do projeto Paralapacá é fortalecer e apoiar o coordenador pedagógico em seu papel de formador, a presença deste profissional na instituição é de fundamental importância, pois é ele que forma os professores e demais profissionais, a partir da reflexão de suas práticas. Sendo assim, para que a creche participasse das formações do projeto, Amanda foi nomeada supervisora, o que corresponde à função de coordenação pedagógica. “Foi um presente para mim e para a creche”, diz.
Ao tornar-se formadora da instituição, foi dado início a um processo de mudança. “Os encontros de formação com os coordenadores eram momentos de grande prazer, estudos e conversas, e serviram para abrir os meus olhos e ampliar as minhas esperanças e expectativas quanto ao presente e futuro da Educação Infantil. Consequentemente, tudo passou a acontecer, ganhamos mais vida na creche”, relata.
A função de coordenadora pedagógica só foi assumida de fato e de direito por Amanda mais tarde, por meio de processo seletivo. Nesse período, ela passou por um processo de transferência dentro da rede municipal, deixando a creche para assumir seu novo papel no CMEI Professora Simone Patrícia. Foi quando a primeira fase da aliança entre a Rede e o projeto havia chegado a termo e o município entrava no período de ampliação da proposta (2013).
Amanda Sales, então, viu-se diante de um grupo que não conhecia o projeto e precisava ser desperto para a proposta do Paralapracá. “Nesta minha nova casa tive que conhecer o grupo e as suas formas de vivências com as crianças e ao mesmo tempo refletir sobre os estudos e práticas realizadas e vivenciadas no período da creche. Só então passamos a elaborar as pautas e detalhes dos encontros”, conta.
Atualmente, as reuniões na instituição, que antes eram mais voltadas para a verificação de questões administrativas, tornaram-se encontros de reflexão e aprofundamento da prática pedagógica e discussão de possíveis soluções e aprendizados.
Com a equipe mais integrada e mais focada nas questões pedagógicas, as formações passaram a acontecer cada vez mais em consonância com a proposta do Paralapracá. Para explicar melhor os resultados desse percurso, ela toma como exemplo um dos encontros no ano de 2014: a leitura e a escrita na Educação Infantil, que foi tematizada a partir dos materiais do eixo Assim se Faz Literatura.
Sobre o assunto, o texto: A leitura e a escrita na Educação Infantil: explicitando a visão embutida no projeto Paralapracá dispõe que “cabe à instituição favorecer o contato constante das crianças com os objetos de conhecimento – no caso a língua escrita – em situações diversificadas, intencionais, sistemáticas e coerentes com o valor fundamental desse segmento que é o brincar como forma de participação na cultura e de produção de cultura, como forma de aprender”.
A coordenadora conta que, no encontro formativo que abordou o tema, os educadores do CMEI realizaram leitura de contos, cantaram, leram poesias, refletiram e reuniram-se em grupos de estudo. Provocado, o grupo foi levado a compartilhar experiências sobre o brincar e o acesso à cultura letrada, como caminhos para a ampliação do conhecimento das crianças sobre a língua escrita.
Que brincadeiras, parlendas, trava-línguas, quadrinhas e adivinhas são conhecidas de memória por cada membro do grupo? E as crianças? E as famílias? Qual o lugar da cultura oral na Educação Infantil? Como esses elementos são usados na prática cotidiana com as crianças? Essas foram algumas das reflexões que mobilizaram os professores da instituição. E, de acordo com a coordenadora pedagógica, os encontros têm surtido efeito. “O brincar com a língua está mais presente no dia a dia das crianças; a utilização dos nomes próprios como elemento alfabetizador; as brincadeiras de bingo e forca; e as criações de rimas, convites, textos diversos. As nossas turmas estão em movimento”, conta.
O Paralapracá é uma frente de trabalho do programa Educação Infantil do Instituto C&A realizado a partir do estabelecimento de alianças com Secretarias Municipais de Educação, selecionadas para participar do projeto por meio de edital. Possui dois âmbitos de atuação: a formação continuada de profissionais de educação infantil e o acesso a materiais de uso pedagógico de qualidade, tanto para crianças quanto para professores. A iniciativa é implementada em parceria técnica com a ONG Avante – Educação e Mobilização Social, de Salvador (BA). Integraram o primeiro ciclo do projeto os municípios de Jaboatão dos Guararapes (PE), Caucaia (CE), Feira de Santana (BA), Teresina (PI) e Campina Grande (PB). Neste segundo ciclo, que corresponde ao período de 2013 a 2015, cinco municípios integram o projeto: Camaçari (BA), Maceió (AL), Maracanaú (CE), Natal (RN) e Olinda (PE).