Antes do início oficial da Plataforma dos Centros Urbanos (PCU) em Salvador, os adolescentes soteropolitanos participantes do projeto tiveram uma experiência que lhes serviu como preparação para a empreitada de lutar pela diminuição das desigualdades em sua cidade. Cinco deles estiveram em Brasília para o Encontro Nacional de Adolescentes da PCU, realizado entre os dias 10 e 13 de novembro (2014). Foram 70 adolescente de oito capitais que, entre debates, dinâmicas de grupo, oficinas, troca de experiências de vidas e trabalho, traçaram um panorama do que tem sido construído pelo projeto PCU em suas cidades.
Os cinco baianos selecionados pelo projeto PCU, que em sua versão soteropolitana ganhou o nome de Vozes da Cidade: Crianças e adolescentes participando da construção de Salvador, e é executado pela Avante – Educação e Mobilização Social, foram levados ao encontro pelo coordenador do projeto, José Humberto Silva, consultor associado da Avante. Para ele, mesmo antes do início oficial do Vozes da Cidade, que aconteceu no dia 12 de janeiro desse ano (2015), o encontro foi altamente proveitoso para os representantes baianos. “Nossos adolescentes tiveram uma participação intensa. Ouviram muitas informações que lhes possibilitaram a construção de um olhar mais panorâmico das ações do projeto em âmbito nacional”, disse.
E não foi só isso. Segundo Humberto, a experiência preparou os adolescentes e deu ânimo a eles para iniciarem o projeto em Salvador com todo gás. “O compartilhamento de informações contribuiu para repensar as ações do projeto e, sobretudo, pensar estratégias de mobilização na realidade da cidade em que vivem”, acrescentou.
O coordenador do projeto em Salvador teve também uma participação ativa no encontro, realizado na Casa de Retiro Assunção. Ele foi mediador em três das diversas oficinas que fizeram parte do evento. Numa
delas mediou o debate sobre quais os principais temas/desafios para reduzir as desigualdades que afetam os direitos das crianças e adolescentes. Em outra, mediou a elaboração de um produto sobre o tema Mobilização e Articulação Local. Esteve à frente também de rodas de conversas sobre metodologias de mobilização dos adolescentes, estratégia de diálogo com o setor público, desafios encontrados e como foram superados.
Adolescentes
Emily de Jesus Santana, moradora do Alto de Ondina e estudante da Escola Estadual Evaristo da Veiga, foi um dos adolescentes que foram ao encontro. Ela não esconde o encantamento com a experiência. “Foi tão intenso que tenho certeza que cada um de nós saiu com outros pensamentos e muita ânsia de mudanças”, relatou.
Para ela, a riqueza da viajem pode ser expressa também pelo fato dos adolescentes terem vivenciado a mistura cultural que caracteriza o Brasil. “Ainda que todos tivessem o mesmo objetivo, foi interessante perceber que eles demonstravam isso de maneiras distintas, a partir de culturas, costumes e ideias diferentes”. Mas o que mais impactou Emily foi perceber que adolescentes como ela, expressavam-se com muita desenvoltura. “Eles não tinham vergonha nenhuma, quero que os jovens de minha região sejam assim também, sem medo de serem eles mesmos”, observou.
O aluno do Colégio Estadual Nelson Mandela, Ezequiel dos Santos Souza, de Periperi, viu o encontro como algo especial em sua vida. “Para quem nunca tinha saído da Bahia, foi como conhecer o país todo de uma só vez”, disse fazendo referência à diversidade de culturas que encontrou em Brasília. Para ele, o ganho não foi só pessoal. “Como parte do projeto Vozes da Cidade, foi muito importante saber como as outras capitais estão trabalhando. Isso nos deu muitas ideias sobre o que podemos fazer em nossa cidade no futuro”, disse.
A adolescente de São Cristovão, Ravanna Amorim Santos, estudante do Colégio Governador Lomanto Junior, conta que a viajem para Brasília deu a ela a condição de perceber que está participando de um projeto grandioso. “Estarmos com adolescentes de todo país, discutir problemáticas, aprender estratégias de enfrentamento e ainda ter a oportunidade de auxiliar pessoas, é algo que nos honra fazer parte”, analisou.
Ravanna ressalta ainda que o encontro foi muito bem organizado e que a receptividade dos participantes fez da troca de experiências algo muito enriquecedor. “Vi que eles enfrentam problemas parecidos, como gravidez na adolescência, tráfico de drogas, etc., mas as formas de lidar com as situações apresentadas são diferentes, o que nos faz repensar as nossas”, explicou.
A PCU é uma iniciativa do UNICEF e seus parceiros pela redução das desigualdades que marcam as grandes cidades brasileiras.