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Projeto IPA levará mulheres de terreiros de candomblé a produzir roupas de design étnico

Novo projeto da Avante – Educação e Mobilização Social (linha de Formação para o Trabalho) é voltado à geração de renda com base nos princípios da economia solidária e da formação cidadã. O IPA – A Força Empreendedora das Mulheres, como o nome propõe (IPA em Yorubá significa “estilo”), tem o objetivo de potencializar a força produtiva das mulheres dos terreiros de candomblé no sentido de possibilitá-las gerar renda, ao passo que colabora para a difusão da cultura afro-brasileira. Serão beneficiadas 25 mulheres oriundas de terreiros do Engenho Velho da Federação.

Dentro dessa perspectiva, o projeto pretende qualificar essas mulheres com o intuito de formar grupos produtivos de costura para confeccionar as roupas usadas em rituais das religiões de matriz africana. Além disso, a sua força criativa será estimulada para a produção de uma moda com design étnico e afro-brasileiro que, a um só tempo, preserve o tradicional e incorpore o contemporâneo, oferecendo ao mercado um produto de qualidade, competitivo, que possa contribuir para a geração de renda, autonomia e empoderamento das mulheres.

A formação propriamente dita deve contemplar o saber operativo da costura em escala de mercado, o uso do maquinário, noções de administração, liderança e de desenvolvimento de um empreendimento. A formação cidadã objetiva conscientizar as mulheres sobre os seus direitos e a importância da preservação dos valores e da cultura de sua comunidade, reforçando o sentimento de identidade coletiva e a consolidação das ações do projeto. “Fomentar o desenvolvimento desses grupos produtivos de economia solidária significa também promover a autonomia e autoestima dessas mulheres, contribuindo para a equidade de gênero e raça”, diz Carolina Duarte, consultora associada da Avante e coordenadora do projeto, que será realizado em parceria com a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE), por meio da Superintendência de Economia Solidária (SESOL).

Lacuna

O projeto preenche uma lacuna no mercado de trabalho de Salvador, que não absorve uma parte considerável das pessoas oriundas de terreiros por questões de idade, escolaridade, experiência profissional, e pelo preconceito que perpassa pelo local que moram, cor da pele e religião. Outra expectativa do IPA é a preservação das manifestações culturais dos grupos tradicionais que ficam, em geral, restritas aos mais velhos, que a transmitem pela oralidade aos iniciados. O projeto trará a geração de renda, mas com a preocupação de fortalecer o processo de preservação cultural para que as manifestações não se percam na dinâmica da sociedade moderna, consumista e tecnológica.

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