Nos dias 03 e 04 de setembro, o Museu da República, em Brasília (DF) recebeu o I Encontro Nacional Cultura e Primeira Infância, organizado pelo Grupo de Trabalho de Cultura da Rede Nacional pela Primeira Infância (RNPI), em parceria com os Ministérios da Cultura e da Educação. Durante o evento, os participantes redigiram um documento com intenções e propostas para a área da cultura na educação infantil, e o MinC formalizou a entrada na RNPI.
Ao longo dos dois dias, representantes do poder público, da sociedade civil e pesquisadores de universidades organizaram-se para debater iniciativas pioneiras, nacionais e internacionais, que visam colaborar com a construção de políticas culturais para a primeira infância no Brasil.
O evento contou com abertura de Claudius Ceccon (Coordenador da secretaria executiva da RNPI), Clarice Cardell (coordenadora do GT Cultura da RNPI) e Juana Nunes Pereira (Ministério da Cultura), que reiterou o interesse do MinC em aproximar seus debates ao campo da Educação: “Cultura e Educação andam de mãos dadas, só com a integração dos dois campos poderemos garantir aos brasileiros o pleno exercício da condição humana”.
O encontro marcou a entrada do Ministério da Cultura na Rede Nacional Primeira Infância, e representou um importante espaço para pensar ambientes em que crianças possam crescer e se desenvolver de forma plena e saudável. No primeiro dia, especialistas das áreas da educação e cultura compartilharam suas experiências e alimentaram o debate sobre a inserção da cultura no contexto da educação infantil.
A primeira mesa – que contou com participação de Maria Carmen Barbosa (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Ordália Almeida (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul) e Carlos Laredo (da companhia teatral La Casa Incierta) – propôs uma reflexão sobre o lugar da arte e da cultura no currículo da Educação Infantil. Para os especialistas, é primordial o entendimento de que cultura não é disciplina, mas a vida em si. Maria Carmem atentou para a questão corporal como uma das linguagens e expressões essenciais à realidade da Educação Infantil: “O corpo da criança exige movimento. As instituições estão contemplando essa necessidade?”.
O olhar à formação de professores surgiu como questão central e urgente: “É necessário entender quem são os profissionais que estão atuando junto às crianças e garantir um entorno sensível, que reconheça e valorize os gestos e linguagens infantis”, afirmou Ordália Almeida, que complementou: “O currículo na educação infantil deve ser uma articulação das experiências e saberes das crianças com os diferentes campos do conhecimento”.
Para Carlos Laredo (La Casa Incierta) é na cultura que mora a resposta para a crise da educação: “A cultura é a resposta, pois só ela nos dá a possibilidade de abertura a todas as linguagens existentes e à ressignificação de conceitos e práticas já engessados”.
Os pesquisadores da área da Infância Renata Meirelles (Território do Brincar), Luiz André CherubinI (Grupo Sobrevento) e Suzana Soares (Aliança pela Infância) compartilharam suas experiências de pesquisa e prática com o grupo. Todos atentaram para a necessidade do adulto reconhecer as potencialidades da criança e considerá-la como protagonista da discussão sobre a integração cultura-educação.
Gandhy Piorsky, pesquisador das práticas da criança, também compartilhou sua pesquisa e foi assertivo: “Se não olharmos para a formação de professores, não será possível a integração entre os campos da educação e cultura”. Agnes Desfosses finalizou o dia trazendo a experiência do Festival Premiéres Rencontres, realizado com crianças da periferia de Paris.
Grupos de Trabalho
No segundo dia, os participantes se dividiram em subgrupos para tratar dos seguintes temas: Como a Cultura e a Arte se inserem na Educação Infantil? A Arte e a Cultura instrumentalizadas para fins pedagógicos ou como encontro com a experiência estética? Quais as propostas de formação em Artes para os professores da Educação Infantil e para os artistas, no campo da Primeira Infância? Como fomentar o encontro do artista com as crianças no contexto da Educação Infantil? O espaço físico da creche e pré-escola é adequado para a Arte e a Cultura?
A discussão foi enriquecida com a participação de especialistas, pesquisadores e artistas, vindos de diferentes pontos do Brasil, para contribuírem com seus conhecimentos, experiências e práticas, agregando às discussões uma diversidade de saberes.
Ao final, os presentes elaboraram um documento que organizou as discussões prioritárias do Encontro e que visa abrir caminhos políticos para o diálogo com diferentes instâncias, entre elas os Ministérios da Educação e da Cultura. O encontro também marcou a entrada no MinC na RNPI e representou um importante espaço para pensar ambientes em que crianças possam crescer e se desenvolver de forma plena e saudável.
A companhia de teatro La Casa Incierta encerrou o Encontro com apresentações para bebês e crianças em torno de três anos e deixou, mais viva do que nunca, a certeza de que pensar a Cultura e as artes nas instituições de educação infantil é urgente e deve ser visto como prioridade no âmbito das políticas públicas.
Fonte: GT de Cultura da Rede Nacional Primeira Infância