Às vésperas das comemorações dos 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) as crianças do Calabar retomam as atividades com o projeto Infância em Rede e voltam a se encontrar para discutir e atuar em prol de seus direitos. Agora, em sua segunda etapa, o projeto, antes focado na mobilização de crianças para o advocacy pelo direito à participação (artigo 16 do ECA), passa para o exercício deste direito. E promove um reencontro com a linguagem essencial da criança – o brincar, além de reaquecer as discussões de temas já propostos pelas próprias crianças como o direito à ocupação do espaço público e a Lei Menino Bernardo.
“Nossa retomada se deu por meio das visitas às casas das crianças participantes da primeira etapa para realizar uma sondagem acerca da disponibilidade de horários para os encontros do grupo”, diz Fernanda Pondé, mobilizadora brincante do projeto. Fernanda conta que no retorno à comunidade foi possível distinguir os espaços nos quais as crianças constituíram como seus ao longo da relação com a equipe do projeto por meio de brincadeiras. “Ali foi construído um lugar de afeto, um lugar de um adulto disponível para elas, uma companhia para brincar e conversar. E por onde eu passava ouvia: ‘você voltou! Vai ter brincadeira hoje, é!?’ E assim fomos retomando o trabalho, visitando as casas deles, voltando a brincar na praça e reconstruindo o compromisso com essa nova etapa”. Além de poder reviver ações de revitalização do espaço público sugeridas e executadas pelas crianças, como as que ocorreram nas praças Antônio Sampaio (praça do Bomba ) e da praça da Juventude Unida do Calabar (praça do JUC ).
Segundo Fernanda Pondé, o principal desafio desse primeiro mês de trabalho (junho) tem sido a reintegração do grupo e reorganização da tarefa de pensar sobre suas vidas, seu bairro, sua cidade, e propor ações concretas em prol da garantia dos direitos das crianças e combate à violência.
“Caminhamos tendo a garantia do direito ao brincar como fim, mas também como meio, pois por meio do brincar com o corpo, com a música e com as palavras, vamos ajudando o grupo a se expressar e a se organizar como coletivo em prol de uma tarefa”, explica.
“A militância pelo exercício do direito à participação infantil no recorte dado pelo Infâncias em Rede, enfatiza a necessidade da garantia de outros direitos transversais, tais como: o direito ao brincar, à convivência familiar e comunitária; a crescer livre de violência; à cidade e ao meio ambiente”, explica Ana Oliva, consultora associada da Avante e coordenadora do projeto.
O Grupo de Crianças do Calabar conta atualmente com 10 participantes no grupo de conversas, mas nesse retorno, durante as ações da praça, a equipe do projeto conseguiu reunir 15 crianças, de acordo com a mobilizadora brincante.
Parcerias
Após a primeira semana do reencontro com as crianças, foi agendada uma reunião com seus responsáveis para uma nova explicação sobre o projeto e seus objetivos. A finalidade foi sensibilizá-los e mobilizá-los para que se comprometam com a garantia da participação das crianças.
Também foi retomada a parceria com o Berimbanda, grupo de música do bairro, que cede, desde a etapa anterior, sua pequena sala para os encontros com o Grupo de Crianças do Calabar. Ficaram definidos as segundas e quartas à tarde como dias de encontro do Grupo.
O Infâncias em Rede é executado pela Avante – Educação e Mobilização Social em parceria com a Fundação Bernard van Leer, Fundação Xuxa Meneghel, Rede +Criança, Rede Nacional Primeira Infância.