O projeto Globral Leaders (GL) for Early Childhood foi criado pela Fundação Word Forum com o objetivo de identificar, selecionar e oferecer suporte e subsídios a profissionais que militam pela primeira infância em diferentes lugares do mundo, agrupados por região (Américas, África, Oriente Médio e Ásia-Pacífico). A Fundação é responsável pela realização do World Forum on Early Childhood Care and Education a cada dois anos, com o intuito de fortalecer a existência de uma militância preparada e articulada em prol desse público. Dentro da proposta, o projeto GL é apenas uma das iniciativas, mas é por meio dele que a América Latina vem ganhando espaço e tem sido estimulada a olhar com mais preparo e articulação para suas crianças. Cada GL tem como compromisso participar do evento e desenvolver um projeto que impacte na primeira infância da sua região. Para isso, é acompanhada a distância pela coordenadora regional e um tutor, apresentando o resultado da proposta em um novo encontro, e a desenvolvendo em sua localidade.
O coordenador regional é indicado pelo World Forum Fundation. Maria Thereza Marcilio, presidente da Avante – Educação e Mobilização Social, é a coordenadora do grupo da América Latina desde 2013 e tem o papel de acompanhar e orientar o grupo. Para isso, promove encontros coletivos online a cada três meses, e individuais sempre que necessário para alimentá-los, acompanhar a sua trajetória no curso online em desenvolvimento infantil pela Red River University, do Canadá, especializada em primeira infância, além de ajudá-los na elaboração do projeto, sendo uma interlocutora permanente do trabalho.
Esse ano, o World Forum contou com o número recorde de 15 GL da América Latina. Nove foram brasileiras. Ivanna Castro, consultora associada da Avante, e selecionada para GL, conta ter chegado ao fórum mundial cheia de expectativas de adquirir novos conhecimentos, aprofundar ideias, conhecer pessoas e trocar experiências: “Tudo isto ocorreu, mas realmente, foi mesmo um ‘estar por vir’. Dividir o mesmo espaço com tantos territórios, povos e culturas foi uma experiência privilegiada e surpreendente, pois pude sentir, tocar, ouvir, dançar, abraçar toda essa diversidade tão entrelaçada como se fosse uma, e assim, senti que todos que ali estavam eram uma força única pela primeira infância, e os avanços e desafios do outro são meus também”, se emociona.
Para a gaúcha Carolina de Vasconcellos Drügg, que atua no Primeira Infância Melhor (PIM), do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, a experiência foi inigualável. “Há quase 20 anos trabalho com a primeira infância. Já havia participado de cursos e programas de formação, mas nenhuma dessas experiências se aproxima do poder de transformação que experimentamos no período em que estivemos em Macau. Escrevo no plural, pois o sentimento de coletividade foi uma das características mais marcantes deste período e era evidente a força dos afetos que ali se estabeleceram”, disse. E credita o sucesso de maior inclusão de GLs da América Latina no evento à rede de esforços que se formou. “Os responsáveis pelo Programa, em especial nossa Coordenadora, Maria Thereza, foram impecáveis em nos acolher e em facilitar caminhos. As palavras de estímulo e o cuidado com nosso bem estar fizeram me sentir em casa. Foram impecáveis também no planejamento e condução de todas as atividades – era evidente o investimento realizado para garantir apresentações e debates de alta qualidade”, disse.
O Mexicano Jorge Villar, um dos únicos homens no grupo, ao lado de Nicolas Gallindo, também mexicano, numa área de atuação onde predominam as mulheres, diz ter se sentido acolhido por um grupo que, além de promover uma mudança de paradigmas culturais, o ajudou a encontrar novas inspirações para continuar trabalhando pela primeira infância do seu país. “Neste Fórum, pela primeira vez, há um grande grupo de pessoas da América Latina e do Caribe. Falar em espanhol ou até mesmo ouvir português e entendê-lo – porque há um grupo considerável de brasileiros – é um novo desafio que me motiva. Compartilhar com todos eles me faz sentir em casa e me ajuda a superar todas as barreiras culturais que ‘estão apenas em minha mente’. Me sinto muito grato por ter vindo para a China e conhecer muitas pessoas de todo o mundo e receber dos meus colegas ajuda para entender e reforçar meu compromisso de trabalhar pelos meninos e meninas, e enfrentar o complexo contexto da primeira infância no México. Mesmo no que diz respeito à parte econômica (numérica) fria, encontro uma ideia-chave para o desenvolvimento socioeconômico baseada no seguinte princípio: investir na primeira infância é a melhor decisão que um país pode tomar porque terá um impacto social, equitativo e produtivo maior”, disse o mexicano.
Para a peruana Simone Montes o mais importante foi a oportunidade de alimentar-se e manter vivo o compromisso com uma causa poderosa, que pode mudar o futuro da toda uma sociedade para melhor. “Confesso que o grupo latino-americano é o melhor que poderia ter encontrado.
Desde o primeiro dia me fizeram sentir que não estava tão longe do meu país, pelo contrário, eu encontrei nelas, a maioria mulheres com garra, uma equipe que pensava e se sentia como eu”, disse. Simone conta ter percebido que o grupo compartilha um mesmo desejo, uma mesma convicção: de que todas as crianças devem ter garantido o direito ao acesso aos serviços básicos, estar bem nutridas, estabelecer vínculos emocionais positivos com seus cuidadores e desenvolver-se em ambientes seguros, onde possam brincar, explorar e aprender. “Essa convicção, que para mim é vital em um líder, foi fortalecida coletivamente. Tenho certeza de que todos retornaram com o melhor de um líder global na mochila, para incorporá-lo em sua vida e trabalho sempre que necessário”, finalizou.
Estão como GL da América Latina até 2020, em processo de desenvolvimento de projeto que potencialize suas ações em prol da primeira infância em seu locai de atuação: as brasileiras Amanda Vilella, Carolina Drugg, Daniela Florio, Ivanna Castro, Juliana Gatti, Larissa Falcão Espírito Santo, Lissandra Pellizon, Luciana Abade, Rita de Cácia Oenning da Silva; as colombianas, Isabella Quesada e Carolina Sanchez; o mexicano, Jorge Villar e Nicolas Gallindo; a peruana, Simone Montes; e a porto-riquenha, Zaidaliz Beltran.