Ela é coordenadora pedagógica da Gerência Regional (GR) de Educação, da Rede Municipal de Salvador, no Cabula, e acompanha ações e projetos que são desenvolvidos nas escolas. Foi desse lugar que Ana Cristina de Jesus Palmeira acompanhou as formações oferecidas no segundo ciclo do Programa Nossa Rede, no segmento Educação Infantil, parceria entre a Avante – Educação e Mobilização Social e a Secretaria Municipal de Educação (SMED).
Ana Cristina conversou conosco sobre as formações oferecidas aos coordenadores pedagógicos e gestores da Rede entre dezembro de 2018 e julho desse ano, e considerou como um dos principais destaques da iniciativa a escolha da temática dos encontros: Relações, espaços e tempo de qualidade na Educação Infantil. As formações aconteceram por meio de diálogos com a equipe pedagógica da Avante, especialistas convidados e formações in loco: no chão da escola. “Vivemos um momento que precisamos mesmo cuidar das relações, pois elas são o que mais mobiliza para um trabalho de qualidade, principalmente quando atuamos na área de Educação, porque educar é formar pessoas. Como essas relações podem acontecer dentro desse espaço? Dentro de um tempo de qualidade? Nesse segmento, que é um segmento de extrema importância, pois atua na primeira infância, fase mais importante da vida? (…) Entendo que discutimos a essência do trabalho na escola, neste último ciclo, e fechamos com chave de ouro. Essa é a minha leitura”, disse.
Leia a entrevista na íntegra e sinta um pouco do impacto do segundo ciclo formativo do Programa, que teve sua semente plantada em 2014, com o lançamento do Programa de Desenvolvimento Infantil (PRODEI) que, ampliado, deu origem ao Nossa Rede.
Qual o seu olhar sobre esses dois ciclos formativos do Nossa Rede para a Educação Infantil?
Ana Cristina: Eu entendo que a Avante organizou dois diferentes ciclos de processos formativos na Rede. Todos foram muito importantes e organizados de uma forma cuidadosa, porque sempre partia de uma demanda real, que existia na Rede dentro desse segmento. A proposta de formação era sempre pensada também de uma forma que pudesse dialogar com o contexto real de Educação Infantil. A Avante começou esse processo conversando com profissionais que atuam no segmento: professores, coordenadores pedagógicos, gestores, técnicos, usando como referência, inclusive, o material que esses profissionais já utilizavam na instituição para desenvolver o trabalho. Então, a Avante começou a pensar esses ciclos formativos a partir de uma referência da própria Rede, do que já era utilizado para estruturar esse trabalho.
Outra coisa foi a atuação da Avante no cotidiano da escola, dando uma referência a dupla gestora, uma referência concreta de como conduzir esse trabalho, dentro dessa nova proposta curricular, que é a proposta de currículo por campos de experiências. Pudemos vivenciar, junto com a Avante, na prática, de que forma podemos utilizar todos os materiais que foram construídos coletivamente em 2014, como podemos utilizar esse material no cotidiano da escola, pelos diferentes profissionais que precisam atuar na instituição: pelo gestor, coordenador pedagógico, professor.
Então, discutimos sobre o planejamento, instrumento extremamente importante, pois sistematiza todo o trabalho que é desenvolvido em sala de aula e como pensar esse currículo, como colocar esse currículo em prática, como o professor vai se relacionar com esse ou aquele aluno. Entendo que discutimos a essência do trabalho na escola, neste último ciclo, e fechamos com chave de ouro. Essa é a minha leitura.
Qual importância você atribui a um processo desenvolvido dessa forma?
Ana Cristina: Quando a gente desenvolve um projeto, partindo de uma demanda real, a gente consegue alcançar o objetivo, que é fortalecer, apoiar e contribuir para a qualidade do trabalho desenvolvido naquela instituição, para quem vamos prestar o serviço. Esse último ciclo formativo da Avante, por exemplo, foi muito assertivo pela escolha do tema: Relações, espaços e tempo de qualidade na Educação Infantil.
Nós vivemos um momento que precisamos muito cuidar das relações. As relações são o que mais mobiliza para um trabalho de qualidade, principalmente quando atuamos na área de educação, porque educar é formar pessoas. Como essas relações podem acontecer dentro desse espaço? Dentro de um tempo de qualidade? Nesse segmento da Educação Infantil, que é um segmento de extrema importância, pois atua na primeira infância, fase mais importante da vida?
De que forma você acredita que a Rede pode aproveitar todo esse diálogo e tudo o que foi construído coletivamente?
Ana Cristina: Eu tomo como referência o acompanhamento que fiz a duas escolas na GR Cabula, que receberam a formação in loco da Avante: a Murilo Celestino e a Novo Horizonte. A dupla gestora dessas escolas, junto com os profissionais, os professores, ficaram bastante mobilizados em investir mais, além do que já vinham investindo, em um trabalho de qualidade para a Educação Infantil. A proposta por campos de experiência não é uma proposta de currículo de fácil compreensão. Demanda estudo, pesquisa…
Acho que esse processo formativo em serviço foi uma ótima referência de formação continuada para o coordenador pedagógico. Fortaleceu muito a sua atribuição mais importante, que é a formação em serviço, e deu uma referência fantástica de como ele pode estar conduzindo essa formação continuada dentro dessa nova organização que temos dentro da escola, de encontro de planejamento interno institucional e individual. Na Novo Horizonte houve, a princípio, houve uma preocupação da coordenadora pedagógica por ter trabalhado com apenas dois dos seus professores – como ficariam os outros? Mas percebemos que começar com dois já é um bom começo, para depois, gradativamente, irmos ampliando para os outros que atuam no mesmo segmento. Isso deixou a coordenadora bem aliviada, pois ela percebeu, dentro desse contexto de encontro individual, uma possibilidade de atuar com qualidade no trabalho desses professores.
E como as formações te impactaram, desse lugar mais ampliado que você ocupa hoje, de coordenadora de uma Gerência Regional?
Ana Cristina: Me mobilizou, me inquietou bastante, no sentido de que precisamos rever ainda muito da nossa prática na Educação Infantil. Rever no sentido de dedicar um tempo maior, de qualidade, para esse segmento, além de entender que há especificidades que precisam ser tratadas de forma totalmente diferenciadas em relação aos outros segmentos. Percebi que ainda temos um longo caminho a percorrer para fortalecer a Educação Infantil. Acho que a Avante plantou uma sementinha e nos inquietou bastante nesse percurso que fez pela Rede. Cabe a nós dar continuidade, levantando a bandeira da Educação Infantil, não só no discurso, mas na atuação. Agora, como fazer isso? Precisamos unir forças.