Brasil, século 21, início da primeira década. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lança um Programa voltado para formar jovens e criar condições para sua inserção no mundo do trabalho. Denominado Consórcio Social da Juventude (CSJ), o Programa surgia como um espaço de inclusão para jovens que viviam à margem das políticas de desenvolvimento humano em seus aspectos econômicos, sociais e culturais. Para a realização do trabalho, o Ministério optou por ter como parceira uma rede de ONG. Em um processo de escuta pública, a Avante – Educação e Mobilização Social foi escolhida como entidade âncora para Salvador e Região Metropolitana.
Enquanto tal, a Avante coordenou uma rede de 54 organizações da sociedade civil (ONG), que participaram de forma direta e/ou indireta do processo, além de garantir espaço para a juventude, inclusive nas instâncias decisórias. A Rede de ONG ofereceu formação pessoal e social no contra turno escolar e contribuiu para a construção de uma visão do mundo do trabalho de cerca de cinco mil e quinhentos jovens, entre16 e 24 anos. A Avante foi responsável pela coordenação, execução e monitoramento de todas as atividades do Programa, além de integrar o Conselho Deliberativo da iniciativa.
Realizada em quatro edições (2004 a 2007), a iniciativa veio consolidar a capacidade da Avante no trabalho em rede e com juventudes. Além da entidade âncora, e do Conselho Deliberativo, o Consórcio Social da Juventude foi constituído, também, uma Secretaria Executiva e uma Ouvidoria Jovem.
Formação
Quando a proposta chegou a Salvador, 44,7% dos jovens de 16 a 24 anos estavam fora do mercado. Esse percentual era ainda maior entre os jovens negros (45,6%) e mulheres jovens (48,3%), de acordo com o DIEESE/ Pesquisa de Emprego e Desemprego/2006.
E esse era o perfil da maioria dos jovens atendidos pelo Consórcio, que passaram por uma formação básica, na qual tiveram acesso a conteúdos referentes a Valores Humanos, Ética e Cidadania; Inclusão Digital; Meio-ambiente, Saúde e Qualidade de Vida; Promoção da Igualdade de Raça/Etnia, de Gênero e Portadores de Necessidades Especiais e Ações de Apoio ao Desenvolvimento Escolar. Além dessa formação comum, cada grupo de 80 jovens, nas suas entidades de origem, se qualificou nas seguintes áreas temáticas: Arte e Cultura; Comunicação e Marketing; Economia Solidária e Turismo; Meio-ambiente e Econegócio.
Participação Jovem
Na proposta do Consórcio, a participação da juventude era um princípio, sendo o espaço garantido a eles um dos grandes diferenciais da iniciativa. Essa participação aconteceu, por exemplo, por meio de um “Ouvidoria Jovem”, que integrou a gestão da Rede. A Rede de Protagonismo Juvenil foi a entidade escolhida para cumprimento dessa atribuição, que tinha como objetivo acompanhar as atividades e criar canais de comunicação e participação com parceiros, voluntários, familiares e as comunidades em geral.
O coração do programa, denominado Estação da Juventude, ocupava uma parte da Estação Ferroviária de Salvador, localizada em uma zona comercial da Cidade Baixa, no bairro da Calçada. O espaço caracterizou-se como um lugar aglutinador de experiências e visões não só sobre o Consórcio, mas sobre a vida, o mundo, a cultura e a arte. No local, aconteciam intercâmbio de experiências e saberes; formação pessoal e social, e de mobilização, além de atuação social e cultural, e encaminhamento para a inserção no Mundo do Trabalho.
A Estação da Juventude hospedou um serviço pioneiro nos consórcios sociais, o Balcão da Juventude – tecnologia social criada pela Avante, definida como um espaço de acolhimento, informação e encaminhamento psicossocial. O Balcão favoreceu o acesso a diversos tipos de serviços como: saúde, educação, inserção profissional, cultura e lazer, por meio da consolidação de parcerias com a rede de serviços e atendimentos disponíveis na cidade. No Balcão, os jovens tiveram acesso, ainda, a orientação para projeto de vida e grupos de jovens.
Na Estação da Juventude aconteceram muitas ações do processo formativo, como palestras, cursos, seminários, feiras culturais, exposições e outros eventos dessa natureza.
Voluntariado
O Consórcio Social da Juventude previa também o Serviço Civil Voluntário, pelo qual os jovens recebiam auxílio financeiro. Os jovens prestaram 100 horas de serviço voluntário em diversas entidades públicas e privadas sem fins lucrativos. Aqueles sob orientação da Avante desenvolveram o projeto Jovens em Ação e criaram um espaço de leitura na comunidade (Biblioteca Comunitária do Calabar) onde moravam – o Calabar. A Biblioteca gerou impactos na vida da comunidade e integrou o grupo que, juntamente com a Avante, desenvolveu o projeto da Rede EmRedando Leituras, até hoje atuante.
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